edwin sánchez

Símbolo Pátrio

A la orden* Legítima Defesa

(dedicado a Marcelo Eduardo Bovo Pesseghini)

 

 

“O crime é portanto necessário; está ligado às condições fundamentais de qualquer vida social e, precisamente por isso, é útil; porque estas condições a que está ligado são indispensáveis para a evolução normal da moral e do direito”. Émile Durkheim, In: As Regras do Método Sociológico

 

 

 

O aparelho repressivo do Estado tem sua estrutura pautada pelo uso da violência legítima, ponto esse que divide os lados entre policial e marginal. Em 1996 ocorreu o Massacre de Eldorado dos Carajás, onde dezenove pessoas que participavam de uma manifestação liderada pelo MST - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra foram assassinadas pela polícia militar do Pará. Companheiros tombados por facões e balas. As mudanças não parecem significativas com relação a reforma agrária e o direito a terra desde então.

Edwin Sanchez é um artista de fim de semana, produz seu trabalho durante as noites em meio a projetos que realmente pagam as contas do mês: design para empresas de publicidade em campanhas de eletrônicos, achocolatados e detergentes. Constrói totens com TVs que exibem vídeos de edição rápida, onde na maioria das vezes figuram pessoas se exercitando ou usando os aparatos. Em outros trabalhos, as embalagens dos produtos sempre coloridas, giram no centro da tela, rodopiam como um clássico bailado do varejo. Podemos pensar que antes de termos Sanchez artista, temos o civil. O indivíduo que também pode executar sua ações sem a validação inicial do sistema de arte, inclusive utilizando-se em parte dessa condição para capturar materiais para seus trabalhos como artista.[1]

Já se foram vinte e um anos do Massacre do Carandiru, o número divulgado de mortos contabiliza 111 vítimas, sequência visualmente harmônica que não anula a sentença capital. O ponto 13 do Estatuto do PCC – Primeiro Comando da Capital - coloca: “Temos de permanecer unidos e organizados para evitarmos que ocorra novamente um massacre semelhante ou pior ao ocorrido na Casa de Detenção em 2 de outubro de 1992, onde 111 presos foram covardemente assassinados, massacre este que jamais será esquecido na consciência da sociedade brasileira. Porque nós do Comando vamos sacudir o sistema e fazer essas autoridades mudarem a política carcerária, desumana, cheia de injustiça, opressão, tortura e massacres nas prisões”.

Diferente do personagem que vê a situação de fora, Edwin tenta se aproximar do seu objeto de estudo, está próximo do contexto que relata, é um observador e não um delinquente, mesmo trabalhando com elementos que subvertem as leis. Ao artista é necessário estar ou pelo menos manter um vínculo com seu país de origem, seu material de trabalho é impregnado do contexto. Não é fácil para o artista vender uma arma ou agredir a um pedinte aleijado, a carga de culpa não é extinta, mas faz-se necessário para alargar a discussão de certos limites sociais. Alguém precisa fazê-lo. O artista se arrisca [ou tenta] estar no mesmo plano da cena que exibe e não em um lugar protegido e privilegiado da arte, as ações são realizadas nas ruas, aceitando a dinâmica dada pelas leis que regem cada lugar e situação, distante do Estado ou da moral. Foi amigo de Jimmy, e ele o ensinou a manejar as facas. Manteve uma rede de contatos para conseguir entrevistar antigos paramilitares e guerrilheiros que lhe contaram como um jacaré se sentira cansado de tanto comer corpos humanos[A]. Entrou em uma casa de sexo participativo e gravou as cenas do encontro coletivo,  quase o descobriram com a câmera após um cliente reclamar de uma certa carteira roubada[B]. Subornou policiais para que eles o alugassem uma arma[C]. Os riscos cercam o artista a todo momento e sempre estão a espreita tentando capturá-lo.

A Chacina de Vigário Geral no Rio de Janeiro deixou 21 mortos. Da foto clássica divulgada dos corpos na comunidade, temos 18 deles enfileirados um ao lado do outro: 2 linhas e 9 colunas, os outros 3 não aparecem na cena – uns sem camiseta, um com lençol se cobrindo, outro de vestido. Naquela época ainda não existiam as UPP - Unidade de Polícia Pacificadora, agora os indivíduos atingidos não podem figurar em nenhuma foto: seus corpos desaparecem misteriosamente ou, dizem, nunca existiram mesmo.

No centro de Bogotá é possível encontrar a poucos passos a matéria que precisa para o desenvolvimento dos projetos. Contanto que se entre de táxi para não ser roubado nas imediações de certas zonas de tolerância. Santafe é um desses lugares, há batedores de carteira, trabalhadores com jaquetas da Claro dormindo bebados nas mesas das casas de stripper, cordão de policiais, prostitutas, drogas, armas, Poker, churrasquinho. As garotas são neo-escravas, saem de outras regiões da Colômbia para trabalharem na capital (o que não difere do Brasil ou de outros países), dormem no próprio lugar onde trabalham (pagam o quarto para viverem e também quando estiverem com clientes). Os garçons não recebem salário, mas ganham por cerveja vendida e gorjetas (ou qualquer outra coisa que conseguirem vender - lícito ou não). Wilson é um desses garçons que trabalha em uma das muitas casas de prostituição do bairro, é o mediador para que o artista consiga parte do material de trabalho, já o ajudou na busca de um .38 para “Inserções em Circuitos Ideológicos” e no contato inicial com os personagens para o projeto “Se existem heróis na Colômbia”[D].

Em alguns casos após ver um dos seus trabalhos, é instintivo que se solte um “filho da puta!”, a moral, sim, sempre ela, não nos deixa de lado em nenhum momento. É preciso parar para entender o que se passa. Saber que a culpa também é nossa. Preferimos continuar com as mãos limpas e apenas falar do absurdo de tais ações [pergunte a galerista sobre “Arte Útil”]. A invisibilidade dos personagens nos trabalhos de Sanchez recebem o direito a vida após os atos do artista, os indivíduos agora são vistos por outras camadas da sociedade, suas imagens estão em um lado protegido. Socialmente cria-se um sentimento de compaixão pelo o que antes era apenas figura de cena ou mobiliário urbano. O trabalho sempre estará em luta - com seu contexto e com a sua própria ética.

O artista está em seu posto de intelectual e não pode falar pelo oprimido/subalterno/marginalizado – já que o artista apenas media as coisas entre os mundos. Entramos aqui no questionamento colocado por Spivak[2] – O intelectual deve ter clara esta condição: não se pode falar pelo outro. A proximidade, o afeto e, principalmente, um não julgamento prévio são as estruturas utilizadas para que o testemunho coletado por Sanchez se torne menos difuso e que tenha uma maior força simbólica. A perversidade mais uma vez o acomete: dá-se a voz ao outro e a audiência que ela ativa é apenas restrita a um pequeno circuito. O conforto que a arte proporciona é posterior a produção/ação executada pelo artista.

Joel da Conceição Castro, de 10 anos, foi assassinado no dia 22 de novembro 2010, durante uma ação policial no Nordeste de Amaralina, bairro da cidade de Salvador. Joel estava dentro de casa se preparando para dormir no momento em que foi alvejado por um tiro da polícia. Ele foi morto durante uma ação da 40ª CIPM no bairro, seu pai acompanhou a morte do filho aos poucos, já que os policiais se recusaram a prestar socorro.

[A] Símbolo Pátrio/Símbolo Pátrio. O artista suborna a dois policiais para que eles o aluguem uma Mini Uzi. A forma de apresentação do trabalho se dá pela documentação da ação, o processo de obtenção da arma é o conteúdo exibido: esquemas, fotografias e uma frottage que agrega ao projeto mais um dado do real, pois a imagem decalcada é a prova da existência de seu referente.

[B] Desapariciones/Desaparecimentos. Durante meses o artista entrevistou ex-integrantes de grupos como as FARC - Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia e AUC - Autodefesas Unidas da Colômbia que foram reinseridos a sociedade e hoje executam outros trabalhos no país. A pedido do artista cada entrevistado realizou um desenho - de traços simples e que lembram garatujas infantis, posteriormente animadas as cenas narram as formas de execução e mecanismos de terror utilizados pelos grupos paramilitares ou guerrilheiros.

[C] Sexo participativo/Sexo participativo. Há uma modalidade onde todos têm a possibilidade de participação mediante pagamento. O artista utiliza uma câmera oculta para registrar o interior de uma casa de prostituição, a edição final se aproxima de um clipe musical ou de um vídeo facilmente encontrado com a tag amateur ou de um vídeo para promover o lugar. O clima de coletividade é quebrado quando um dos participantes anuncia que foi roubado.

[D] Los Heroes en Colombia si existen/Se existem heróis na Colômbia. Como em um filme pornô, o artista/agente contrata um casal para transar em frente as câmeras, a locação é no próprio lugar de trabalho da prostituta. Seu parceiro é um soldado mutilado do exército colombiano. Durante as cenas de sexo há diálogos entre artista e contratados onde figuram situações de heroísmo.

Retrato de família/Retrato de família. Um álbum com lindas fotos do artista quando criança com sua família na fazenda Nápoles de Pablo Escobar (pela segunda vez em menos de três meses deixo a minha homenagem ao hipopótamo Pepe, sacrificado pelo exército colombiano no rio Magdalena, depois de fracassadas tentativas de levá-lo de volta à fazenda. O animal havia fugido de seu hábitat “quase” natural), segue pelo álbum uma imagem do artista abraçado a um policial ESMAD e uma outra posando ao lado de um veículo que anteriormente pertencia a um traficante e que agora é de posse da polícia colombiana que comumente o utiliza para exposição pública - sem dúvida um bom exemplo a sociedade de que o crime compensa, principalmente pelos modelos importados. Um triunfo!

 

 

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*A la orden - expressão colombiana usada por comerciantes: “Estou à disposição”. “Como posso ajudar?”

Ps.: Não acredito que Marcelinho tenha executado a família, dirigido o carro até a escola e depois cometido suicídio.

 

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[1] Durante um período de tempo o artista trabalhou para a polícia na realização de vídeos institucionais. Para um dos seus trabalhos se apropriou de vídeos realizados pelas “FARC - Forças Armadas Revolucionárias Colômbia–Exército do Povo” que eram de posse do Estado, neles são exibidos uma guerrilha falha e com características humanas, um grupo débil e que por acaso está armado. A incorporação de tais materiais poderia trazer ao artista complicações junto ao Estado, mas nada acontece. A audiência da arte parece mínima.

 

[2] SPIVAK. Gayatri Chakravorty. Pode o Subalterno Falar? Tradução de Sandra Regina Goulart Almeida, Marcos Pereira Feitosa, Andre Pereira Feitosa. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.

 

 

Exposição “Símbolo Patrio” | Galeria Jaqueline Martins | São Paulo | Brasil

outubro/novembro 2013

National Symbol

At your service*  Self Defence

(dedicated to Marcelo Eduardo Bovo Pesseghini)

 

 

“Crime is, then, necessary; it is bound up with the fundamental conditions of all social life and by that very fact it is useful, because these conditions of which it is a part are themselves indispensable to the normal evolution of morality and law.” Émile Durkheim, The Rules of Sociological Method

 

 

The structure of the repressive apparatus of the State is based on the use of lawful violence, a fact that separates two distinct sides: the police and the criminal. In 1966 the Eldorado dos Carajás massacre took place, in which nineteen people who had been participating in a demonstration led by the MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (Landless Workers’ Movement) were assassinated by the military police of the State of Pará. Comrades killed by knives and bullets. The changes that have taken place regarding land reform and property rights since then seem far from significant.

Edwin Sanchez is a part-time artist, producing his work on weekends or in the evenings, in between the projects that ultimately pay the monthly bills: design projects for advertising agencies, including campaigns for electronic devices, cocoa powder and detergents. He builds totems using TV sets that exhibit hastily edited videos, which in most cases show people exercising or using such appliances or products. In other cases, colourful packaging twirls in the centre of the screen, spinning round in line with the retail market’s classic choreography. It could be said that before Sanchez the artist, there is Sanchez the civilian. The individual who can also execute his actions without the initial validation of the art system – and going further, who partly takes advantage of this particular condition in order to find materials for his work as an artist.[1]

Twenty-one years have passed since the Carandiru Massacre, the reported number of deaths account for 111 victims, a visually harmonious sequence that does not invalidate the death sentence. Point 13 of the PCC – Primeiro Comando da Capital (First Command of the Capital) – states: “We must stand united and organized to avoid a massacre similar or worse than that which took place in the Detention House on October 2nd, 1992, where 111 prisoners were cowardly assassinated, an event that shall never be extinguished from Brazilian society’s conscience. Because we, from the Comando, will rock the system, forcing the authorities to change such inhuman, unmerciful prison policy, laden with unfairness, oppression, torture and massacres in the prisons.”

Contrary to the character who observes the situation from the outside, Edwin attempts to draw closer to his object of study, standing near to the context which he speaks of, as an observer rather than a delinquent, even as he works with elements that subvert laws. The artist feels the need to be or at least maintain a link to his country of origin, and his source material is imbued with this context. It is not easy for him to sell a weapon or assault a crippled beggar, and although the load of guilt does not vanish, it plays a necessary part in expanding the discussion of specific social boundaries. Someone must play this part. The artist risks [or at least attempts to] stand in the same frame as he exhibits, rather than in the shielded and privileged standpoint of art, and the actions are carried out in the streets, in acceptance of the dynamics, distinct from the laws of the State or those dictated by morality. He became Jimmy’s friend, who taught him how to handle knives. In his attempt to interview combatants and guerrilla fighters, he actively maintained a network of contacts, and when he managed to do so, they recounted stories such as one about an alligator that was exhausted from eating countless human bodies [A]. He visited a participative sex house where he documented scenes of collective rendezvous, and when a client complained of a stolen wallet he was almost caught using his camera [B]. He bribed policemen to have them rent him a gun [C]. The artist is surrounded by risks at all times, always lying in wait to capture him.

The Vigário Geral massacre in Rio de Janeiro left 21 dead. The classic image shown by the media of the bodies laid out in the community depicts 18 of them aligned side by side: 2 rows and 9 columns, the other 3 are missing from the scene – some of them wear nothing from the waist up, one is covered by a sheet, another wears a dress. At the time, the UPPs – Unidade de Polícia Pacificadora (Pacifying Police Unit) had not yet been set up. Now, the individuals who get hit can no longer be depicted in any photograph: their bodies disappear mysteriously or, as some may say, they never existed in the first place.

In Bogota’s city centre it is possible to find the stuff he needs to develop his projects very closely. As long as one can get there by taxi to avoid thievery in the vicinities of certain brothel areas. “Santafe” is a place of this kind, fraught with pick pocketing, labourers wearing jackets with the Claro logo, drunk and asleep on strip-club tables, police cordons, prostitutes, drugs, weapons, Poker, barbecued meat on sticks. The girls are neo-slaves, migrating to the capital from other regions in Colombia (as is current in Brazil or in other countries), sleeping in the same place as they work (renting a room both to live in and to meet with clients). Waiters do not earn salaries, but get paid for every beer sold, or else resort to tips or making money off anything they manage to sell – legal or otherwise. Wilson is one of these waiters who work in one of the many brothels in the neighbourhood. He acts as mediator for the artist to attain part of his working material, he helped him in the search for a .38 for “Inserciones en circuitos ideológicos” (“Insertions in ideological circuits”) and in the initial contact with the characters for the project “Heroes en Colômbia si existen” (“Yes, there are heroes in Colombia”) [D].

In some cases, after viewing one of his works, it is instinctive to utter a “son of a bitch!”; morality, yes, always morality, never abandons us. It is necessary to stop, in order to understand what is going on. To realize it is also our fault. We prefer to keep our hands clean, commenting only on the absurdity of such actions [ask the gallerist about “Arte Útil” (“Useful Art”)]. If before participating in the artist’s actions the characters in Sanchez’s works were invisible, they are now granted the right to live; the individuals are now seen by other strata of the community, and their image now inhabits a protected zone. Socially, a feeling of compassion is evoked for those who previously only configured as props in the urban scenario. The work will always be struggling – both with the context from which it arises and with its own ethics.

The artist remains in his intellectual role and cannot speak for the oppressed/subaltern/marginal – as the artist only acts as a mediator of things between different worlds. Here we can refer to an enquiry posed by Spivak[2] - The intellectual must be clear about this condition: it is not possible to speak for the Other. Proximity, affect, and overall, eliminating all pre-existing judgement are the necessary structures for the testimony gathered by Sanchez to become less diffuse, thus acquiring greater symbolic force. Once again he is seized by perversity: the Other is granted a voice, and the audience it activates is limited to a very small circuit. The comfort offered/granted by art is an aftereffect of the artist’s work/actions.

The ten-year-old Joel da Conceição Castro was murdered on November 22nd, 2010, during a police action in the Northeast part of Amaralina, a neighbourhood in the city of Salvador. Joel was inside his home, getting ready for bed, when a bullet fired by the police hit him. He was killed during an operation of the 40th CIPM - Companhia Independente da Polícia Militar (Independent Battalions of the Military Police) in his neighbourhood. His father watched his son’s slow death, as the policemen refused to provide emergency assistance.

[A] Símbolo Pátrio/National Symbol. The artist bribes two policemen for them to rent him a Mini Uzi.  The work is presented as documentation of the artist’s action, exhibiting the process of obtaining the firearm through diagrams, photography, and a frottage that ultimately confers a realistic quality to the project, seeing the decal is proof of existence of its referent.

[B] Desapariciones/Disappearances. During several months the artist interviewed ex-participants of groups such as the FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia or Revolutionary Armed Forces of Colombia) and the AUC (Autodefesas Unidas da Colômbia or United Self-Defense Forces of Colombia), who are now re-integrated in society, performing other types of work. The artist requested that each interviewee make sketches using very simple lines or doodles – they resemble drawings made by children. The scenes were later animated to create a narrative of the execution procedures and mechanisms of terror employed by paramilitary groups or guerrilla combatants.

[C] Sexo participativo/Participative sex. There is a modality of sexual rendezvous where anyone who pays is able to join in.  The artist employs a hidden camera to record images from within a brothel. The final edit resembles a music video clip, or one that could easily be found using the word amateur as a tag, or even a promotional video of the space. The feeling of collective coalescence is broken when one of the participants declares he has been robbed.

[D] Los Heroes en Colombia si existen/Yes there are heroes in Colombia. As in a porn movie, the artist/agent hires a couple to have sex in front of the cameras. The prostitute’s actual working place is the location, and her partner is a mutilated soldier from the Colombian army. During the sex scenes dialogues between the artist and a cast tell of heroic situations.

[E] Retrato de familia/Family portrait. A photo album with beautiful photographs of the artist as a child with his family in the Nápoles farm owned by Pablo Escobar (for the second time in less than three months I leave my homage to Pepe, the hippopotamus, sacrificed by the Colombian army in the Magdalena River, after several failed attempts to bring him back to the farm. The animal had fled from his “almost” natural habitat). In the album there is an image of the artist embraced with a ESMAD (Escuadrón Móvil Antidisturbios or Mobile Anti-Disturbances Squad) policeman, and one where he poses next to a vehicle that formerly belonged to a drug dealer and currently belongs to the Colombian police, who now regularly displays it in public – undoubtedly as a good example to society that crime does pay off after all, especially when it refers to imported models. A triumph!

 

 

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*A la orden – Colombian expression commonly used by merchants and traders:  “At your service”; “How can I help you?”

P.S. I don’t believe that Marcelinho executed his Family, drove the car to school and then committed suicide.

 

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[1] During a period of time the artist worked for the police in the production of institutional videos. He took possession of videos recorded by the FARC (Revolutionary Armed Forces of Colombia / People’s Army) that were held by the State. The videos exhibit guerrilla warfare that is faulty and fraught with human characteristics, a lame group that happens to possess guns. The incorporation of this material could create complications for the artist with the State, but this does not happen. The outreach of Art’s audience seems minimal.

 

[2] SPIVAK, Gayatri Chakravorty. Pode o subalterno falar? (Can the Subaltern Speak?) Translated by Sandra Regina Goulart Almeida; Marcos Pereira Feitosa; André Pereira Feitosa. Belo Horizonte: UFMG, 2010.

 

 

Exhibition “Símbolo Patrio” | Galeria Jaqueline Martins | São Paulo | Brasil oct/nov 2013